terça-feira, 9 de agosto de 2011

Viver um minuto de cada vez, esse vem sendo o meu pensamento nesses últimos dias. Estou a 4 dias limpo. Parece ser um tempão, mas ainda sinto reflexos da falta da droga. Sinto-me meio inquieto e com pouco paciência, em certos momentos sou grosso com a minha esposa, e isso não pode acontecer, por que é a pessoa que mais me ajuda nos momentos que eu mais preciso.

Estou me sentindo mais confiante, com a presença cada vez mais constante de Deus em minha vida. Nunca deixei de acreditar na força que Deus exercia sobre mim. Estou tendo a certeza que sempre estive certo.

Mesmo quando eu pensei que estava só, ele estava comigo. Tudo o que passei durante esses tempos servem de aprendizagem. Um dia irei tirar o lado bom de todo esse inverno. Entretanto, neste momento tudo que me lembra as horas em que estou refém do Crack, só me faz perceber o quão a minha vida está decaindo de forma rápida.

Com a ajuda da minha esposa, de amigos, da minha mãe e da minha, é claro, serei um homem livre desse problema. Porém, vigilante para não mais deixar o inimigo me ludibriar. É importante estar sempre pronto para ajudar os irmãos que um dia vierem a passar por esses momentos de grande infortúnio.

Amanhã é outro dia e a batalha continua. Só por hoje...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O que é um adicto e 12 Passos

A tarefa de definir adicção tem desafiado médicos, juízes, padres, adictos, suas famílias e as pessoas em geral, por toda a história. Existem tantas definições potenciais quanto existem grupos com interesses em definir adicção. A questão, inclusive, começa logo ao se nominar a doença: dependência química ou adicção, dependentes químicos ou adictos. Não importa, a verdade é que essas definições enfatizam coisas tais como dependência fisiológica, dependência psicológica, dinâmica familiar, problemas comportamentais e moralidade. Esta lista poderia ser bastante incrementada, e qualquer um poderia chegar com sua própria definição e acrescentá-la à lista. Ainda assim, definir adicção para mim é sem dúvida importante para o processo de recuperação. Afinal de contas, no Primeiro Passo admiti impotência perante ela. Esta admissão é a fundação sobre a qual minha recuperação é construída. Então a pergunta "O que é Adicção?" é, de fato, relevante.

Neste questionário, vou tentar responder a esta e a outras perguntas relativasà adicção.

Existem pelo menos três tipos de usuários de drogas:

O usuário leve

O usuário leve é alguém que usa drogas apenas por brincadeira, influência de " amigos", protesto contra alguma situação familiar etc. Ele não se deixa levar pelo ambiente da droga. Trabalha e/ou estuda normalmente, cria raízes, implanta família. Quando chega o momento de assumir suas responsabilidades diante do contexto social, simplesmente abandona as drogas.

O dependente psicológico

O dependente psicológico tem efetivamente alguma dependência. Mas consegue abandonar o uso com relativa facilidade depois de uma terapia médica e uma desintoxicação. Muitos fazem esse desligamento através da entrega de sua vida ao Senhor.

O dependente químico (adicto)

Quanto ao dependente químico, ou adicto (denominação preferida pela instituição Narcóticos Anônimos), a situação se complica. É portador de uma doença chamada dependência química, progressiva, incurável e fatal, conhecida também como adicção: tem obsessão para usar a primeira dose e, quando o faz, passa a sofrer de compulsão (não consegue mais parar). Deixa a droga influir em sua vida, coleciona fracassos, tem depressão, tenta o suicídio, envolve-se em crimes e falcatruas. É com ele que nos preocupamos. Mas antes de chegar ao ponto principal, achamos conveniente fazer alguns esclarecimentos:

1. Quais são as instituições envolvidas com a programação dos 12 Passos?

a. a primeira e mais antiga é a dos Alcoólicos Anônimos (AA). Destinado especificamente ao dependente químico, ou adicto, que teve envolvimento com a droga lícita - álcool.

b. a segunda é o Al-Anon . Existe para cuidar dos familiares do dependente químico de álcool.

c. uma terceira chama-se Narcóticos Anônimos (NA), com o objetivo de ajudar os dependentes químicos ou adictos que usem abusivamente qualquer tipo de droga.

d. a quarta chama-se Nar-Anon e destina-se aos familiares (ou co-dependentes, num linguajar mais técnico) de quem usa abusivamente qualquer tipo de droga.

2. Qual a diferença entre AA e NA?

O AA reconhece a existência apenas de uma doença presumivelmente chamada de alcoolismo. Para a irmandade, tratar do alcoolismo é o bastante. Já o NA reconhece a existência de uma doença chamada DEPENDÊNCIA QUÍMICA, que, entre outros sintomas, apresenta o do USO ABUSIVO DE DROGAS - aí incluída a droga lícita (álcool) e as ilícitas (maconha, cocaína, etc). Importante frisar que NA considera droga até o tranquilizante - desde que sob uso abusivo e sem motivação médica comprovada. Para o NA, a dependência química tem outros sintomas - o mais comprovado é o desvio de caráter.

3. o que é a dependência química (adicção)?

É uma doença com raízes mental (obsessão) e física (compulsão). Atua em todas as áreas (física, mental e espiritual) do indivíduo. A dependência química/adicção é progressiva, incurável e de determinação fatal. Progride mesmo quando o dependente químico/adicto não está "na ativa"- ou seja, quando não está usando drogas. O dependente químico/adicto em recuperação consegue apenas estacionar a doença, nunca curá-la. E a doença mata degradando - acidentes de carro, suicídios, assassinatos. Quem não morre tem como outros destinos a prisões ou o hospício.

4. A dependência química/adicção é adquirida ou hereditária?

Nenhum estudo conseguiu comprovar a origem da doença. Há pouco tempo, um pregador brasileiro declarou sua satisfação de ter recebido uma educação evangélica - que, segundo ele, evitou seu envolvimento com drogas. É um grave equívoco, nos centros de recuperação existem dezenas de filhos e filhas de pastores que, apesar da educação severa, envolveram-se com drogas por causa da doença. Assim como existem milhares de lares desajustados onde, apesar de todo o sofrimento, não existem dependentes químicos/adictos.

5. como explicar o modus operandi de um dependente químico/adicto?

Há uma mulher muito bonita numa praia. Sozinha. O homem normal olha para a mulher, sente desejo por ela, pensa em assediá-la. Mas raciocina, lembra que ela pode ter namorado, noivo, marido. Acha melhor ir embora pra não se envolver em confusão (Reflexão e ação).

O dependente químico/adicto olha pra mulher, sente a obsessão e parte para o assédio, impulsivamente. Só depois é que vai pensar na conseqüência de seus atos (Ação sem reflexão).

6. o que são os 12 Passos?

As quatro irmandades paralelas aplicam uma terapia chamada de Programação dos 12 Passos. O dependente/adicto pratica cada um dos passos, um por um ou paralelamente, conseguindo ficar limpo (sem usar drogas) um dia de cada vez. Na Programação de 12 Passos, o dependente químico/adicto assume consigo mesmo o compromisso de ficar sem drogas apenas 24 horas de cada vez. Não existe passado ou futuro. Só o hoje. Um dos slogans mais conhecidos é "só por hoje nunca mais".

7. Todos são obrigados a praticar esses 12 passos?

Na programação ninguém é obrigado a nada. Tudo é apenas sugerido. Ninguém tem que dar satisfações a ninguém. Só a si mesmo. Se alguém entrar na programação para agradar ao pai, mãe, mulher, marido, a quem quer que seja, muito provavelmente recairá. Só consegue ficar limpo quem tem compromisso com si mesmo. Só por hoje.

8. Quem dirige AA e NA?

Ninguém. São as únicas organizações com estrutura administrativa baseada no anarquismo político que realmente deram certo. Não há chefes, nem diretores, nem gerentes. Quem manda é a consciência coletiva - um colegiado com todos os membros - e, acima dela, Deus. Para ser membro de AA ou Na basta querer parar de usar. Não precisa dar nome, endereço, nada. Não existem fichas ou cadastros. Ninguém fala em nome das irmandades. Qualquer posição é pessoal.

9. Qual a religião de AA e NA?

Não existe. As irmandades são espirituais, mas não religiosas. Os 12 passos falam de um Deus, mas "da forma como o adicto o compreende". Para evitar debates teológicos ou até mesmo fundamentalistas, as irmandades chamam Deus de "Poder Superior". Mas o segundo, o terceiro e o quarto passos recomendam uma aproximação maior com Deus. A programação deixa claro que sem Deus não existe recuperação.

10. Todo mundo que usa droga é dependente químico?

Não. Embora a programação limite-se a cuidar de quem é dependente químico/adicto, a experiência mostra que existem três formas de convívio com a droga:

- nenhum convívio. A pessoa nunca experimenta a droga ou, depois de experimentar, prefere outros caminhos.

- convívio por vício. O indivíduo tem uma dependência física ou emocional, que consegue deixar depois de um tratamento terapêutico ou mesmo porque resolveu mudar de vida.

- convívio por dependência química/adicção. O dependente/adicto não consegue deixar a droga, precisa de uma terapia específica - normalmente, só a programação de 12 Passos consegue estacionar a doença dele.

11. Como saber se alguém é dependente químico?

Embora existam sinais claros, AA e NA preferem que o próprio dependente reconheça esse fato. Admitir que tem a doença é o Primeiro Passo de um adicto. Eu não posso dizer que alguém é adicto. Só posso dizer que eu sou...

12. Como levar alguém para NA ou AA?

Preferencialmente, de forma alguma. O próprio dependente químico/adicto deve reconhecer sua necessidade de procurar uma irmandade. Só se dá ajuda a quem pede ajuda. Se eu não quiser ajuda, ninguém poderá fazer nada.

13. Al-Anon e Nar-Anon ajudam a cuidar de um adicto?

A doença é contagiante. Um familiar acaba adquirindo hábitos e comportamento de um dependente químico/adicto. As duas irmandades ensinam o familiar a cuidar de si próprio para não sofrer tanto com o adicto. Agora, claro que, frequentando uma irmandade, o familiar acaba descobrindo a existência da doença, como se manifesta e, assim, acaba também por agir de forma diferente junto ao dependente. E no final influi na decisão de o dependente procurar ajuda também.

Texto de apresentação


Olá queridos amigos, a decisão de iniciar esse relacionamento com vocês, via rede mundial de computadores, nasceu da necessidade de compartilhar situações e angústias que fazem parte da minha vida e podem permear a de pessoas que passam pelo mesmo problema que eu.

Conviver com o fantasma das drogas é uma penitência que parece não ter fim, e por mais que tentamos nos afastar, vez ou outra (ou quase sempre) situações nos empurram para perto da nossa maior fraqueza: a droga.

A vida de um adicto é um verdadeiro inferno e vocês que convivem com esse mesmo problema sabem o que estou dizendo. Vivemos em um mundo de incertezas e de impurezas que nos apresenta um cenário diferente a cada dia.

Atualmente convivemos com o mundo tresloucado proporcionado pelas drogas e seus malefícios. Quem é adicto ou tem algum adicto na família sabe bem o que estou falando. É importante que as pessoas tenham compreensão e não façam pré-julgamentos.

Nós sabemos os transtornos que causamos e as irresponsabilidades que cometemos, e por tudo isso é que o sentimento de culpa é maior ainda. Eu não sou um infeliz jogado ao mundo, sou uma pessoa boa que infelizmente deixou com que as drogas entrassem em sua vida.

Não aceito que digam que sou indigno, mas acabo deixando meu corpo jogado à própria sorte pelos submundos da droga. Eu amo a minha vida, a minha família, a minha esposa e os meus amigos, por todos e por mim, serei uma pessoa vitoriosa nesta caminhada.

Esse é um espaço de discussão e busca de respostas para o mal do momento. Aqui poderemos ser francos uns com os outros e debatermos os nossos problemas e expor as nossas angústias.